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quarta-feira, 28 de abril de 2010

O medo do medo

Já faz tempo que temos que ter medo de um monte de coisa. Mas, nas ruas, isso está tomando proporções gigantescas e cruéis. Todos os dias os noticiários estão repletos de violência e cada vez mais essa violência atinge inocentes. E olha que não estou falando de bala perdida não, é da  violência gratuita, agredir por agredir. Aqui, em João Pessoa, os índices dispararam nos últimos anos e o efetivo policial já é insuficiente faz tempo. Para completar, o governo estadual ainda está problematizando a contratação de novos policiais já aprovados em concurso. O carro chefe da criminalidade, como em várias cidades tem sido, é o crack. A fumaça do crack está deixando nossa vida cada vez mais cinzenta. É a droga mais perigosa dos últimos tempos, pois, mesmo sendo feita a partir da cocaína, é mais barata e vicia muito rápido. O efeito também passa mais rápido do que o da cocaína, por isso os viciados estão sempre querendo mais e mais. Para quem é vítima de um assalto partindo de um viciado sob o efeito da droga o perigo é dobrado, pois devido à ação da droga sobre o sistema nervoso central, o crack gera aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremores, excitação, maior aptidão física e mental. Os efeitos psicológicos são euforia, sensação de poder e aumento da auto-estima. Se já é perigoso sofrer um assalto de alguém sob o efeito da droga pior ainda é se ele estiver com a síndrome de abstinência do crack, pois isso faz com que o usuário fique com uma super ansiedade para voltar aos efeitos da droga. Daí o porquê dos viciados agirem de forma brutal e impensada diante de mínimas reações das vítimas. O crack pega geral, porque para consumi-lo os jovens vão para as ruas roubar (muitos deles menores de idade, que, mesmo quando presos, voltam logo às ruas) tornando qualquer lugar perigoso. Os que consomem e não pagam acabam mortos e aumentam os índices de mortalidade. Os que pagam (entenda-se como consumidores de classe média e alta) abastecem os traficantes com armas e mais droga. É um ciclo difícil de ser interrompido. Mas não é só isso, agora os bandidos intimidam mais do que nunca a população que tem medo de fazer até denúncia anônima, porque, segundo alguns criminosos, eles têm como saber, pode? Aos que ainda conseguem ter segurança dentro de suas casas resta ficarem presos, reféns desse medo. Outra coisa que não ajuda é o sistema prisional do nosso país. Agora, depois de tanto tempo vendo que o sistema carcerário brasileiro está falido, o governo começa a se articular sobre as punições, tentando buscar um caminho a mais para amenizar a selvageria. Novos comerciais sobre punições alternativas para crimes leves estão circulando, será que só agora eles perceberam que colocar quem rouba comida porque está com fome junto com um traficante ou um assassino não é justo e pode acabar formando um novo criminoso? Muitas dessas respostas estacionam na burocracia. Às vezes até mesmo alguns políticos elaboram e tentam aprovar projetos que ajudariam a resolver alguns dos nossos problemas de violência, mas a corja maior sempre coloca sua mão suja para deter o filho que não é seu. É triste. Enquanto isso tentamos viver coexistindo com o perigo constante, com medo de ter medo.

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